sábado, 2 de julho de 2011

MEMORIAL "TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEA EM CURRÍCULOS"


“Cada um de nós constrói a sua própria história e cada ser carrega em si o dom de ser capaz, de ser feliz!”
                                                                 Almir Sater/ Renato Teixeira

 

Universidade Federal de Itajubá
Programa de Pós-Graduação - Mestrado Profissional em Ensino de Ciências
Tendências Contemporâneas em Currículo - Profª Draª Rita Stano

MEMORIAL DA DISCIPLINA
JUNHO -2011

O início...

“Adivinhe onde ando?
Adivinhe o que escondo?
Adivinhe o que eu planto?
Bem eu... mudei os planos.”


            Foi com o poema “NÃO ENTENDO O ESPANTO” que a Professora Rita iniciou o trabalho conosco no dia 11 de março de 2011. Os alunos se apresentaram e foram convidados a falar de si com base em uma das estrofes do poema. Eu escolhi este que está acima. Acreditei que os verbos andar, esconder, plantar e o substantivo plano tivessem uma relação estreita com aquele momento. Não me enganei. O percurso da disciplina foi contornado com esses verbos à medida que:
  • Estamos em um ambiente novo e cheio de descobertas. Ninguém nasce pronto. Todos nós somos sujeitos moldados por nossas crenças, experiências, relações e oportunidades. Principalmente nossa experiência, que de repente se torna experiência do outro. É assim que acontece na escola durante a relação entre professor e aluno.
  • Freire considera que dentro da educação dialógica os homens se educam mediados pelo mundo. Esse magnífico educar não estava errado, na verdade as pessoas se educam conforme elas constroem suas experiências no coletivo. E estamos sempre sujeitos a mudar nossos planos em função das experiências que vivemos.




O  currículo...

            Currículo – base ideológica. Tem como objetivo a manutenção de certa ordem. O conceito de ideologia é complexo e cheio de significados. A base de todo currículo é ideológica. Todos os valores são passados aos alunos por meio do currículo. Nos anos 80 a aula de (EMC) Educação Moral e Cívica era uma forma de conter as ideologias políticas da época.
A sociedade tem seus aparelhos ideológicos: instituições sociais e igrejas. Na escola temos o tablado como um aparelho ideológico. E ainda, existem os aparelhos repressores, como a polícia e o exército. (Althusser)
            A prática pedagógica nas escolas ainda é bastante engessada pelo currículo tradicional. Os professores, de modo geral, desconhecem o currículo em suas bases teórica, epistemológica e social. O conhecimento curricular é apenas transmitido conforme está sendo orientado pelo currículo, e o aluno é um ser passivo diante do conhecimento. Paulo Freire tem sua percepção dessa  forma de se conceber o ato educativo como uma educação bancária.

Atos curriculares...

Cotidiano, provisoriedade, modos de fazer e pensar, lugares diversos, trandisciplinaridade; O currículo responde ao professor: o que devo ensinar?
Nos currículos encontramos as relações de poder que se estabelecem no interior da escola.
O Currículo tradicional: é errância, epistemologia e massificação da cultura. Mas o que foi a massificação da cultura? Atos curriculares que impuseram uma cultura difundida entre as classes populares sem que estes atribuíssem significados a ela. Nos atos curriculares estão as buscas de sentidos, a conservação e a transgressão. O currículo se atualiza nos atos curriculares.

Currículo oculto...

            O currículo oculto tem sua origem na pedagogia funcionalista. Perpassa as paredes das salas de aula e até os muros da escola.  Este currículo está em todos os espaços, gestos, posturas e sujeitos do processo educativo. Na linguagem de Silva (2011) esse currículo ensina mais do que o conteúdo explicito. Os padrões e as relações entre as pessoas como recompensas e castigos. O currículo oculto também ensina. É por meio dele que se dão as aprendizagens sociais relevantes. Entretanto, é bastante interessante a idéia de que a criança da classe operária aprende o comportamento submisso que deverá permear suas relações sociais e de obediência. Enquanto a criança da classe dominante aprenderá o comportamento dominante que será reproduzido em sua vida adulta por meio das relações sociais.
            Alstrusser: ideologia, dimensão prática, práticas culturais; é através dos currículos que se manifestam os currículos de base;
            Bourdier: as desigualdades são reproduzidas na educação por meio do currículo;
Temos na escola uma relação epistemológica em desequilíbrio: a relação professor/aluno; o domínio do conhecimento impinge as relações de poder; o professor deverá saber mais para se impor diante de seu aluno.
Pedagogia do oprimido versus pedagogia dos conteúdos

            Paulo Freire quando fala da educação bancária faz uma critica a forma de educação que engessa o currículo e reforça o conhecimento como algo que pode ser transferido de professor para aluno. Numa concepção que despreza a subjetividade e a experiência de cada um. Nesse sentido, o conteúdo curricular não passa de etapas a serem vencidas. É um tipo de ato curricular  que ignora a visão social de mundo de cada individuo.
            Também em Freire encontramos a idéia de que o currículo pode oriundo de algo desestruturado, constituído no cotidiano dos educandos, com forte influência da cultura popular, ou seja, aquela cultura que brota na essência dos movimentos de classe, no trabalho humano.
Morraber (2002), também discute a questão do currículo e sua relação com a cultura erudita e a popular. Questões como guerra fria e a bomba atômica fizeram a sociedade repensar seus embates culturais. Até meados do século XX surgiram fortes criticas a cultura dominante que prevalecia. O foco central era a noção de cultura defendida por Mathew Arnoud[1]. Arnoud defendia a separação entre uma “cultura verdadeira” e “outra cultura”, a do povo. Essa ultima era interpretada como desordem social e política.

Nossos debates...

·         O currículo pode ser engessado, mas não deixa de ser é vivo, está em movimento e pode ser transgredido no cotidiano; A visão critica está sempre pautada em Marx, Boundier;
·         Currículo pode emancipar ou domesticar, entretanto, isso varia em função da prática que faz em questão; o que estamos ensinando e para quem?
·         Não posso querer um modelo de aulas, de currículo colonizado; exemplos vindos da matemática; temos que ver é a forma como os alunos conseguem interpretar as matérias; porque vou começar o exercício por aqui?
·         A melhor forma de politizar é avaliar; a avaliação é um instrumento de persuasão e poder.
·         Concepção de avaliação emancipatória;  não temos o exercício da avaliação que emancipa; o que conhecemos é a avaliação que classifica.
·         Participação, mediação e libertação - currículo na perspectiva Freireana;
·         Pesquisas sobre cotidiano escolar; o que se passa na escola?  O cotidiano recorre das teorias sistêmicas - mundo escolar separado do mundo real;
·         O sujeito mantém relações com mundo interior; Entender de forma hegemônica do cotidiano escolar;
·         Dificuldade de generalizar uma conclusão;
·         Estudo de cada unidade escolar no seu cotidiano (Rita);
·         Perrenoud - reflexão permanente da própria prática;
·         Pesquisar sobre o que é o paradigma da complexidade - Edgar Morin
·         Rafael - rede de saberes e fazeres com os nós; quando estamos estruturando os nossos saberes vai se estruturando nós que fazem com que criemos sentidos; a experiências dos alunos são diferentes e se encaixam em dimensões sociais, contextual.
·         Carol - As redes de subjetividade de cada um de nós; teoria da complexidade;
·         Diferença entre teoria critica e pós-critica? Porque é critica? Porque tem como base o materialismo histórico e estuda o currículo como um fenômeno dialético (Marx); na pós-critica não é o dialético é o emancipatório; cenário complexo de ligações e nós (educação como complexidade);

Outras percepções sobre currículo...

            As teorias curriculares e seus discursos são de grande importância para qualquer pessoa que esteja ligada ao campo educacional. Quantos erros são cometidos por falta de reflexão e conhecimento sobre o currículo e suas características? O processo educativo é extremante complexo, difícil de compreender e articulado em diferentes esferas da vida social e cotidiana dos sujeitos.
            Na sociologia da educação, anos 70, já Young (1971) dizia que o conhecimento foi considerado como uma seleção de conhecimentos, aprovados pela sociedade e distribuídos a diversos grupos sociais em dosagens diferentes.  A primeira etapa da seleção consistia na escolha dos conteúdos da cultura considerados necessários e adequados aos estudantes.
            Nova sociologia da educação: temos no campo curricular o exemplo do currículo coleção. Este currículo abarca as disciplinas de forma estanque e separada. Não há espaço para a integração, são estruturas rígidas e formas fechadas de classificação. As fronteiras entre os conteúdos às vezes ficam entre os conhecimentos educacionais e cotidianos. Historicamente o currículo coleção ficava reservado aos alunos “mais fracos”. Os cursos profissionalizantes carregam os ranços desse currículo.
            Diante das teorias tradicionais do currículo o professor age como um sujeito passivo, um instrumento da sociedade, e os alunos aceitam sua socialização.
Nas teorias criticas do currículo compreendemos como os instrumentos multiculturais legitimam as manifestações dos grupos sociais dominados. Esses movimentos surgiram nos países dominantes do Norte.
            Em nosso contexto o multiculturalismo pode ser reparador. A sociedade cria instrumentos como as “cotas” para negros e índios na sociedade, entretanto, sociologicamente essas ações são necessárias para que sejam diminuídas as discrepâncias existentes.
Outra questão relacionada ao multiculturalismo é a tendência em reduzir a cultura do outro para algo  exótico. Temos como exemplo, a forma como o índio é tratado pela cultura ocidental.

Considerações pessoais:

            Durante o percurso da disciplina “tendências contemporâneas em currículo” percebi o quanto são importantes as reflexões acerca das questões curriculares que permeiam toda e qualquer forma de fazer pedagógico. Nessa perspectiva, compreendi que tanto a educação formal, como a não formal são moldadas em função do currículo e suas bases epistemológicas.
            O currículo é um instrumento de poder. Conforme for utilizado pode tornar o processo pedagógico fragmentado e descontextualizado, ou, flexível, dinâmico e aberto às mudanças que são necessárias conforme o interesse dos principais atores do processo educativo, os alunos.
            O trabalho acadêmico em um curso de pós-graduação requer um aluno com perfil autônomo que tenha o hábito de buscar, pesquisar e, calçado pelas teorias da área em questão, formular suas próprias opiniões. Nesse sentido, compreendi que foi bastante produtiva a metodologia de trabalho apresentada, sem trabalhos cansativos, mas sim, atividades diferenciadas que sempre nos faziam pensar e pesquisar além.
            Durante nossos debates, muitas informações foram levantadas e discutidas. A troca foi intensa, sempre pautada nas sábias mediações da Professora Rita. Os alunos e colegas de curso são professores atuantes que possuem larga experiência com a dinâmica da sala de aula. Cada um complementava a discussão com um exemplo do seu cotidiano. Para mim, essas informações algumas vezes até ilustravam um determinado conceito.
            Andamos por diversas passagens teóricas relacionadas ao currículo. Aquilo que em um determinado contexto não fazia muito sentido, em outro contexto ganha certa luz e significado, e consequentemente passa a ter outro sentido. Foi assim que me senti durante as aulas de TCC como uma disciplina do Mestrado.
            Do ponto de vista pessoal e de minha formação, foi bastante válido fazer esta disciplina. Já havia feito a disciplina “Currículos e Programas” na graduação em Pedagogia, entretanto, sinto que minha maturidade e todo o contexto mencionado auxiliaram na compreensão das teorias curriculares e todas as suas implicações.  Hoje, também consigo relacionar a influência que o currículo exerce sobre uma possível mudança nos modos de se fazer a educação, e as relações que o currículo estabelece com as diversas áreas do conhecimento.

Referencia Bibliográfica:

LOPES, Alice C.; MACEDO, E. Currículo: Debates Contemporâneos. Ed. Cortez
Silva, T. Tadeu. Documentos de Identidade: uma introdução às teorias do currículo. 3ª Ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2011.
ZOTTI, Solange Aparecida. Sociedade, Educação e currículo no Brasil. Dos jesuítas aos anos 80. Campinas, SP, Autores Associados, 2004.

           



[1]              Matthew Arnold (24 de dezembro de 1822 - 15 de abril de 1888) foi um poeta e crítico cultural inglês, inspetor escolar de profissão.
                Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Matthew_Arnold

sexta-feira, 10 de junho de 2011

PODER, DISCURSO E POLÍTICA CULTURAL: CONTRIBUIÇÕES DOS ESTADOS CULTURAIS AO CAMPO DO CURRÍCULO


Marisa Vorraber Costa

- Mudanças nos domínios tecnológicos, político, econômico, sociais e culturais;
- Questões Culturais: transformações na ordem mundial delineada ao longo do século XX.

- Que há de novo na forma como os acontecimentos vêm sendo pensados nesse início de século XXI?

Objetivos do texto: Expor um panorama das discussões contemporâneas sobre cultura situando os estudos culturais e as contribuições de análises em andamento nesse novo campo podem trazer para as importantes questões culturais que conflagram o mundo possam integrar as pautas dos currículos escolares e da formação de professores.
Os Estudos Culturais e as mudanças na concepção de cultura As criticas a concepção de cultura dominante começou por questionar as concepções inspiradas na tradição arnoldiana de cultura vigente há mais de 100 anos; 
 Matheu Arnold: "o melhor que se pensou e disse no mundo" X "progresso da civilização" visão elitista e hierarquizada de "cultura verdadeira"; Somente essa suposta verdadeira cultura poderia redimir o espírito e suprimir a anarquia instaurada pela classe trabalhadora emergente.  Idéa próima a de Arnoud:
Seguidores de Leavis chegam a publicar manifesto propondo introduzir nos currículos um treinamento de resistência à cultura;  

Noção de Cultura como estado cultivado do espírito em oposição à de civilização; Frank Raymond Leavis:
"(...) os trabalhos do novo campo reconhecem as sociedades capitalistas industriais como lugares de divisões desiguais, no que se refere a etnia, sexo, divisões de gerações e de classes dentre outras."
Como resultado opositor ao modelo arnoudiano levisista surgem os estudos culturais de Raymond Williams; esses estudos estabelecem uma oposição entre "cultura de massa" e "alta cultura"; a cultura sempre teria sido sustentada por uma minoria que mantinha vivos "os padrões das mais refinada existência;
 Stuart Hall (1997; 1998): 

Nesse sentido, a idéia deste autor é dar voz às culturas que estão nos espaços ocupados pelas classes operárias, cedendo à construção de seus próprios significados.


POLÍTICA, DISCURSO E POLÍTICA CULTURAL
Na segunda metade do século XX, os Estudos Culturais se caracterizam por construir um campo instável, de análises culturais e hoje continuam sendo transformados. Os debates de inspiração pós-moderna estariam substituindo as abordagens iniciais centradas nas questões de ideologia e hegemonia. 
As preocupações iniciais da matriz britânica vão assumindo configurações locais ao viajarem pelo mundo, rompendo Fronteiras geográficas, culturais e disciplinares. Atualmente,  artigos e novos objetos de todas as áreas de produção de saberes vêm sendo alvo de discussão nos Estudos Culturais, com caráter contextualizável, onde diferentes interesses políticos entram em jogo.
 Analisando as publicações mais recentes, percebe-se que as abordagens pós-estruturalistas que se utilizam das concepções de poder e discurso de Michael Foucault e das tendências do pensamento pós-moderno, tem se concentrado nas questões da linguagem e da textualidade.  Considerar a análise dos textos culturais como forma de expor mecanismos de subordinação, de controle e de exclusão, que produzem efeitos cruéis nas arenas políticas do mundo social é, uma posição que já tem ressonância no cenário nacional e internacional. Quando indivíduos, ou grupos descrevem algo num discurso, temos a linguagem produzindo uma “realidade”. Assim quem narra coisas, pessoas, eventos ou processos, mostrando sua constituição, funcional e atributos, é quem estabelece o que tem ou não estatuto de realidade. O olhar de fotógrafo através de câmera, do cientista através microscópio, por exemplo, são guiados pelo desejo de conhecer, através do sentido. Os objetos não existem para nós sem antes passar pela significação, que é um processo social de conhecimento.
Toda teorização sobre escola, educação, ensino, pedagogia, aprendizagem, currículo, constitui um conjunto de discursos e de saberes que, ao explicar o que são estas coisas, as constitui. Segundo Foucault, as narrativas formam o aparato de conhecimentos produzidos pela modernidade, para tornarem os objetos sobre os quais falam administráveis. Conhecer o que deve ser governado é parte da estratégia que permite a regulação e o controle de indivíduos, grupos, processos e práticas. No campo educacional, não é só a psicologia que dispõe sobre seus objetos, mas também as demais disciplinas que integram os currículos escolares. O autor vem procurando mostrar em suas pesquisas que as formas como falamos sobre o mundo, por meio de linguagens e teorias, modelam nossa compreensão sobre porque  e como as coisas são, ou seja, nossas escolhas são linguisticamente determinadas  e passam  a ter importância quando começamos a pensar sobre a multiplicidade de linguagem e textos culturais, os quais nos assujeitam de uma forma  ou de outra.
Estudos recentes têm nos alertado para o que Henri Giroux e Shirley Steimberg chamaram de “Pedagogia cultural” que é a ideia de que a coordenação e a regulação das pessoas não se dão apenas nas escolas, mas  em todos os locais da cultura onde o poder se organiza e se exercita, como programas de TV, filmes, jornais, revistas, brinquedos, catálogos, propagandas, anúncios, livros, esportes, shopping center e outros. São espaços que educam e praticam pedagogias que moldam nossa conduta e formam nossa identidade, à medida que envolve nosso desejo, capturam nossa imaginação e vão construindo a nossa consciência.
 Isto significa que há pedagogias e currículos culturais em andamento dentro e fora das instituições educacionais, estruturados de acordo com o poder e política cultural predominantes no mundo contemporâneo.
Stuart Hall vem apontando para a importância de nos ocuparmos da “esfera cultural”, pois essas questões ocupam cada vez mais o centro dos debates sobre as políticas públicas. Segundo Stuart, no cerne da questão está a relação entre a cultura e o poder.  De acordo com as autoras do texto, os estudos culturais parecem ser bastante permeáveis às mudanças históricas, em diferentes momentos. As discussões iniciais, impulsionadas pela problemática das classes sociais, foram sendo mescladas ou mesmo substituídas por outras questões. Artefatos culturais como cinema, a TV e a telemática, instigaram o surgimento de novas formas de pesquisa e debate.
Estudos sobre feminismo, racismo e as polêmicas interdisciplinares sobre a construção social da sexualidade, adquiriram, visibilidade e ampliam o leque de possibilidades de problematização e hoje poderemos afirmar que o problema mundial das questões étnicas e racionais colocou a temática como um dos focos preferências dos Estudos Culturais. As guerras étnicas em andamento em quase todos os continentes estão dentro de nossas casas, com suas versões inventadas e reinventadas pelos textos jornalísticos, televisivos e telemáticos. Os conflitos étnicos estão também em nossos grupos de amigos e em nossas escolas. Discriminações, nas formas mais variadas e perversas, espalham-se pelas páginas de revistas e livros, pelas de novelas e pelos outdoors espalhados. Não há como ficar de fora disso. Seremos cúmplices se ficarmos omissos. Examinar e discutir esses textos culturais são uma forma de participar das lutas políticas por uma sociedade menos discriminadora e excludente.
 Os estudos culturais e suas análises são umas das chances de não nos conformarmos em ser meros expectadores de conflitos étnicos, raciais e religiosos, que assolam algumas regiões, povos e culturas do mundo, mas que também acontecem ao nosso lado, diante dos nossos olhos. Essas questões deveriam permear os currículos escolares em todos os graus de ensino e assim participarem efetivamente de uma educação mais consentânea, com problemas e dilemas do mundo, onde precisamos viver e conviver, para forjar a identidade e a diferença.     

CURRÍCULO: DEBATES CONTEMPORÂNEOS
Autora: LOPES, Alice Casemiro; MACEDO, Elizabeth, Ed. Cortez