sexta-feira, 10 de junho de 2011

PODER, DISCURSO E POLÍTICA CULTURAL: CONTRIBUIÇÕES DOS ESTADOS CULTURAIS AO CAMPO DO CURRÍCULO


Marisa Vorraber Costa

- Mudanças nos domínios tecnológicos, político, econômico, sociais e culturais;
- Questões Culturais: transformações na ordem mundial delineada ao longo do século XX.

- Que há de novo na forma como os acontecimentos vêm sendo pensados nesse início de século XXI?

Objetivos do texto: Expor um panorama das discussões contemporâneas sobre cultura situando os estudos culturais e as contribuições de análises em andamento nesse novo campo podem trazer para as importantes questões culturais que conflagram o mundo possam integrar as pautas dos currículos escolares e da formação de professores.
Os Estudos Culturais e as mudanças na concepção de cultura As criticas a concepção de cultura dominante começou por questionar as concepções inspiradas na tradição arnoldiana de cultura vigente há mais de 100 anos; 
 Matheu Arnold: "o melhor que se pensou e disse no mundo" X "progresso da civilização" visão elitista e hierarquizada de "cultura verdadeira"; Somente essa suposta verdadeira cultura poderia redimir o espírito e suprimir a anarquia instaurada pela classe trabalhadora emergente.  Idéa próima a de Arnoud:
Seguidores de Leavis chegam a publicar manifesto propondo introduzir nos currículos um treinamento de resistência à cultura;  

Noção de Cultura como estado cultivado do espírito em oposição à de civilização; Frank Raymond Leavis:
"(...) os trabalhos do novo campo reconhecem as sociedades capitalistas industriais como lugares de divisões desiguais, no que se refere a etnia, sexo, divisões de gerações e de classes dentre outras."
Como resultado opositor ao modelo arnoudiano levisista surgem os estudos culturais de Raymond Williams; esses estudos estabelecem uma oposição entre "cultura de massa" e "alta cultura"; a cultura sempre teria sido sustentada por uma minoria que mantinha vivos "os padrões das mais refinada existência;
 Stuart Hall (1997; 1998): 

Nesse sentido, a idéia deste autor é dar voz às culturas que estão nos espaços ocupados pelas classes operárias, cedendo à construção de seus próprios significados.


POLÍTICA, DISCURSO E POLÍTICA CULTURAL
Na segunda metade do século XX, os Estudos Culturais se caracterizam por construir um campo instável, de análises culturais e hoje continuam sendo transformados. Os debates de inspiração pós-moderna estariam substituindo as abordagens iniciais centradas nas questões de ideologia e hegemonia. 
As preocupações iniciais da matriz britânica vão assumindo configurações locais ao viajarem pelo mundo, rompendo Fronteiras geográficas, culturais e disciplinares. Atualmente,  artigos e novos objetos de todas as áreas de produção de saberes vêm sendo alvo de discussão nos Estudos Culturais, com caráter contextualizável, onde diferentes interesses políticos entram em jogo.
 Analisando as publicações mais recentes, percebe-se que as abordagens pós-estruturalistas que se utilizam das concepções de poder e discurso de Michael Foucault e das tendências do pensamento pós-moderno, tem se concentrado nas questões da linguagem e da textualidade.  Considerar a análise dos textos culturais como forma de expor mecanismos de subordinação, de controle e de exclusão, que produzem efeitos cruéis nas arenas políticas do mundo social é, uma posição que já tem ressonância no cenário nacional e internacional. Quando indivíduos, ou grupos descrevem algo num discurso, temos a linguagem produzindo uma “realidade”. Assim quem narra coisas, pessoas, eventos ou processos, mostrando sua constituição, funcional e atributos, é quem estabelece o que tem ou não estatuto de realidade. O olhar de fotógrafo através de câmera, do cientista através microscópio, por exemplo, são guiados pelo desejo de conhecer, através do sentido. Os objetos não existem para nós sem antes passar pela significação, que é um processo social de conhecimento.
Toda teorização sobre escola, educação, ensino, pedagogia, aprendizagem, currículo, constitui um conjunto de discursos e de saberes que, ao explicar o que são estas coisas, as constitui. Segundo Foucault, as narrativas formam o aparato de conhecimentos produzidos pela modernidade, para tornarem os objetos sobre os quais falam administráveis. Conhecer o que deve ser governado é parte da estratégia que permite a regulação e o controle de indivíduos, grupos, processos e práticas. No campo educacional, não é só a psicologia que dispõe sobre seus objetos, mas também as demais disciplinas que integram os currículos escolares. O autor vem procurando mostrar em suas pesquisas que as formas como falamos sobre o mundo, por meio de linguagens e teorias, modelam nossa compreensão sobre porque  e como as coisas são, ou seja, nossas escolhas são linguisticamente determinadas  e passam  a ter importância quando começamos a pensar sobre a multiplicidade de linguagem e textos culturais, os quais nos assujeitam de uma forma  ou de outra.
Estudos recentes têm nos alertado para o que Henri Giroux e Shirley Steimberg chamaram de “Pedagogia cultural” que é a ideia de que a coordenação e a regulação das pessoas não se dão apenas nas escolas, mas  em todos os locais da cultura onde o poder se organiza e se exercita, como programas de TV, filmes, jornais, revistas, brinquedos, catálogos, propagandas, anúncios, livros, esportes, shopping center e outros. São espaços que educam e praticam pedagogias que moldam nossa conduta e formam nossa identidade, à medida que envolve nosso desejo, capturam nossa imaginação e vão construindo a nossa consciência.
 Isto significa que há pedagogias e currículos culturais em andamento dentro e fora das instituições educacionais, estruturados de acordo com o poder e política cultural predominantes no mundo contemporâneo.
Stuart Hall vem apontando para a importância de nos ocuparmos da “esfera cultural”, pois essas questões ocupam cada vez mais o centro dos debates sobre as políticas públicas. Segundo Stuart, no cerne da questão está a relação entre a cultura e o poder.  De acordo com as autoras do texto, os estudos culturais parecem ser bastante permeáveis às mudanças históricas, em diferentes momentos. As discussões iniciais, impulsionadas pela problemática das classes sociais, foram sendo mescladas ou mesmo substituídas por outras questões. Artefatos culturais como cinema, a TV e a telemática, instigaram o surgimento de novas formas de pesquisa e debate.
Estudos sobre feminismo, racismo e as polêmicas interdisciplinares sobre a construção social da sexualidade, adquiriram, visibilidade e ampliam o leque de possibilidades de problematização e hoje poderemos afirmar que o problema mundial das questões étnicas e racionais colocou a temática como um dos focos preferências dos Estudos Culturais. As guerras étnicas em andamento em quase todos os continentes estão dentro de nossas casas, com suas versões inventadas e reinventadas pelos textos jornalísticos, televisivos e telemáticos. Os conflitos étnicos estão também em nossos grupos de amigos e em nossas escolas. Discriminações, nas formas mais variadas e perversas, espalham-se pelas páginas de revistas e livros, pelas de novelas e pelos outdoors espalhados. Não há como ficar de fora disso. Seremos cúmplices se ficarmos omissos. Examinar e discutir esses textos culturais são uma forma de participar das lutas políticas por uma sociedade menos discriminadora e excludente.
 Os estudos culturais e suas análises são umas das chances de não nos conformarmos em ser meros expectadores de conflitos étnicos, raciais e religiosos, que assolam algumas regiões, povos e culturas do mundo, mas que também acontecem ao nosso lado, diante dos nossos olhos. Essas questões deveriam permear os currículos escolares em todos os graus de ensino e assim participarem efetivamente de uma educação mais consentânea, com problemas e dilemas do mundo, onde precisamos viver e conviver, para forjar a identidade e a diferença.     

CURRÍCULO: DEBATES CONTEMPORÂNEOS
Autora: LOPES, Alice Casemiro; MACEDO, Elizabeth, Ed. Cortez

terça-feira, 7 de junho de 2011

Um bom professor

 
Bonito. Mas faz parte de um esquema de valorização de professores que não retrata a realidade. Cadê a melhoria dos salários e condições de trabalho?